Atacama. Simplesmente uma região de paisagens tão diferentes, lindas e alucinantes que até parecem de outro planeta! Vulcões, formações rochosas gigantescas, vegetações únicas, lagoas coloridas, enfim, a combinação de elementos nos faz perguntar se não estamos em um cenário de filme de ficção científica, mas tudinho foi criado pela natureza e é justamente isto que faz este lugar ser tão fascinante!

San Pedro do Atacama

Como o próprio nome do lugar indica, esta é a cidade base para conhecer a região do Deserto do Atacama. Não existem voos diretos do Brasil para lá e a maneira mais fácil é por Santiago do Chile. A partir de Santiago, o voo é de 2 horas de duração até o aeroporto mais próximo, na cidade de Calama (mas há a opção de ônibus, com trajeto que dura 24 horas).

As empresas que operam essa rota aérea são Latam, Skyairlines e JetSmart.

Tanto Skyairlines quanto Jet Smart são empresas low-cost, ou seja, serviços adicionais como marcação de assentos e despacho de bagagem são cobrados à parte.

Deslocamento Aeroporto de Calama a San Pedro do Atacama

San Pedro do Atacama fica a aproximadamente uma hora e meia de Calama. Das opções de transporte entre as duas localidades, o melhor custo-benefício é contratar uma das empresas de shuttle. Elas ficam logo no desembarque dos voos em Calama e é possível contratar na hora. Via de regra, eles deixam e buscam na porta das hospedagens.

Câmbio

A Calle Toconao concentra diversas casas de câmbio uma ao lado da outra.

Há caixas eletrônicos na cidade, mas são poucos e sempre que vimos algum, tinha fila.

Atacama: dicas para organizar a viagem
Casa de Câmbio na Calle Toconao, em San Pedro do Atacama.
Hospedagem em San Pedro do Atacama

San Pedro do Atacama é pequena e está concentrada ao redor de sua rua principal, a Calle Caracoles. Qualquer hospedagem próxima a essa rua estará super bem localizada, com acesso fácil a restaurantes, casas de câmbio, agências de turismo e comércio em geral.

Algo bastante importante sobre as hospedagens no Chile é que os estrangeiros têm direito a isenção do imposto de 19%, desde que paguem com dólares ou cartão de crédito e apresentem o cartão recebido na migração. É bom estar atento no momento da reserva se o valor apresentado considera ou não esse imposto, além de tentar levar dólares no valor mais aproximado possível, pois o troco é dado em pesos chilenos e a conversão que eles usam neste momento é bastante desvantajosa.

Atacama: dicas para organizar a viagem
Calle Caracoles, a rua “principal” da cidade, e o Vulcão Licancabur ao fundo.
Atacama: dicas para organizar a viagem
Pelas ruas de San Pedro de Atacama, essa visão: as montanhas e vulcões que separam o Chile da Bolívia. Aquele bem cônico, mais à direita, é o Vulcão Licancabur.

Passeios e agências:

Existem dúzias de agências em San Pedro do Atacama que realizam os passeios pela região. Pesquisamos com antecedência os que nos interessavam (ou melhor, os que escolheríamos para o nosso tempo disponível, pois todos são interessantes), bem como lemos muitas avaliações sobre agências. É altamente recomendável deixar para fazer as reservas lá, é mais fácil barganhar algum desconto (quanto mais passeios feitos com a mesma agência, maior o desconto que eles dão), exceto para agências com serviço mais diferenciado/exclusivo (e por isso, mais caros e com menos vagas).

Chegamos lá com algumas empresas pré-selecionadas e passamos nas suas sedes, e depois de ver valores e esclarecer dúvidas, fechamos todos com a Atacama Connection (exceto o tour para Uyuni, pois contratamos uma agência especializada).

Fizemos os seguintes passeios (clica para ler o post específico sobre cada um):

1º dia: Valle de la Luna à tarde (aproveitamos a manhã desse dia para fazer câmbio, pesquisar agências, etc);

Paisagem do Valle de la Luna.

2º dia: Termas de Puritama pela manhã e Tour Astronômico à noite;

Relax nas águas quentinhas das Termas de Puritama.

3º dia: Salar de Atacama, Piedras Rojas e Lagunas Altiplânicas (dia todo);

Laguna Miscanti, uma das Lagunas Altiplânicas.

4º dia: Geysers del Tatio pela manhã e Laguna Cejar, Ojos del Salar y Laguna Tebinquiche no final de tarde;

Geysers del Tatio.

5º dia: Salar de Tara (dia todo).

Las Catedrales, no Salar de Tara.

Essa ordem dos passeios não foi aleatória: estão em ordem crescente de altitude atingida em cada um, a fim de acostumar o organismo aos poucos. San Pedro do Atacama já está a 2400m e passeios como Geysers del Tatio e Salar de Tara passam (e bastante) dos 4000m!

Na maioria, os serviços oferecidos pelas agências são semelhantes. É bom verificar se refeições estão inclusas ao contratar passeios. Aliás, como vários passeios saem bem cedo, é bom também verificar se a hospedagem oferece café da manhã e em qual horário, pois dependendo do caso não vale a pena pagar para incluir essa refeição e não poder aproveitá-la.

Uma prática comum por lá é realocar os clientes no veículo de outra empresa, por não completar um grupo para determinado passeio. Acho isso meio desagradável (se dá um problema, quem se responsabiliza?) e questionei na Atacama Connection se eles faziam isso. O vendedor afirmou que não, mas no último passeio (Salar de Tara) fomos colocados no grupo de uma agência chamada Incanorth.

Aliás, este é outro problema das agências medianas: há uma rotatividade muito grande de vendedores (San Pedro do Atacama é um local clássico de viajantes que ficam por alguns meses “para fazer uma grana” e seguir viagem) e muitas vezes eles são despreparados. O nosso vendedor nos deu algumas informações meio capengas, como por exemplo quando ele nos ofereceu o tour para o Salar de Uyuni, em parceria com uma empresa boliviana. Perguntamos qual era essa empresa, mas ele não sabia o nome!

Feitas essas observações sobre a venda, o serviço durante os tours foi excelente. Veículos em boas condições, refeições gostosas, motoristas prudentes e educados e ótimos guias. Tivemos a sorte de fazer três passeios com a guia Sheryl, que foi maravilhosa! Inteligente, apaixonada pelo que faz, preocupada com a sustentabilidade da região e muito amável com todos.

Custos

Quanto aos passeios (preço normal / preço que pagamos (com desconto) / valor dos ingressos – por pessoa):

  • Valle de la Luna (CLP 18.000 / CLP 13.500 / CLP 3.000)
  • Termas de Puritama (CLP 15.000 / CLP 12.000 / CLP 15.000 ingresso período da manhã)
  • Tour Astronômico (CLP 20.000 / 17.000 / sem ingresso)
  • Piedras Rojas, Lagunas Altiplánicas y Salar de Atacama (CLP 45.000 / CLP 33.500 / CLP 5.500)
  • Geyser del Tatio (CLP 20.000 / CLP 15.000 / CLP 10.000)
  • Laguna Cejar, Ojos del Salar y Lagoa Tebinquiche (CLP 18.000 / CLP 13.000 / CLP 17.000)
  • Salar de Tara (CLP 50.000 / CLP 40.000 / sem ingressos)

Quanto à alimentação, para dar uma ideia:

  • almoço simples em restaurantes do centrinho: a partir de CLP 5.000;
  • empanada grande: de CLP 1.000 a 2.000;
  • cafezinho: CLP 1.500;
  • garrafa de água de 1500ml: CLP 1.000.

Ficamos em uma hospedagem com cozinha e por isso preparamos diversas das nossas refeições. Não existe supermercado por lá, somente alguns minimercados espalhados aqui e ali, alguns com maior variedade de produtos que outros. Na maioria das vezes fizemos compras na Calle Licancabur, entre a Calama e a Tocopilla, onde tinha um mercado bem bom e uma carnicería (açougue) ao lado.

Atacama: dicas para organizar a viagem
Pelas esquinas de San Pedro do Atacama.

A venda (e o consumo) de bebidas alcoólicas é bastante controlado, então não é em qualquer lugar que dá para comprar uma lata de cerveja que seja. Também na Calle Licancabur, perto do restaurante Barros, há uma botillería: um comércio de variados tipos de bebidas. Vinhos não são caros, na faixa de CLP 2.000 a 3.000 dá para comprar um garrafa de um chileno bem bom.

Em frente ao Hostel Pangea há um mercadinho que vende pacotes de frutas secas das mais diversas, muito bom para levar para os passeios. Pacotes de meio quilo, por exemplo, de amendoim salgado ou de chips de banana a CLP 1.500 cada.

Onde comer

Existem restaurantes de variadas gastronomias e das mais diversas faixas de preços, alguns bem chiques e elegantes, com menus sofisticados. Como já disse, fizemos muitas das nossas refeições na nossa hospedagem, além das que estavam incluídas nos próprios passeios. Comemos fora em somente dois lugares:

  • Restaurante Barros: À noite tem música ao vivo e isso pra nós três era um ponto contra, preferíamos um lugar tranquilo onde pudéssemos ficar batendo papo. Mas tantas pessoas nos recomendaram esse restaurante que resolvemos ir conhecer. O ambiente é bem rústico, chão de terra, mesas e bancos de madeira. Fomos super bem atendidos e o clima do lugar, por conta da música, estava bem animado – acabamos nos divertindo um monte. Além disso, é um lugar mais em conta para comer, pois as porções são muito bem servidas e um prato pode ser suficiente para duas pessoas. Pedimos dois pratos, um de iscas de carne e um de iscas de frango, cada um deles servido com batatas e ovos fritos e cebola refogada, comemos super bem e sobrou comida. Gastamos CLP 11.000 cada, porém nessa conta entra uma garrafa de vinho que consumimos (os pratos eram na faixa de CLP 7.000).
  • Restaurante Delícias de Carmen: nos indicaram esse restaurante dizendo que era um bom lugar para gastar um pouquinho a mais, porém comer algo realmente bom. Fomos lá na nossa última noite na cidade. O ambiente é bem tranquilo e acolhedor. Optamos pelo menu do dia, com uma entrada que podia ser uma sopa ou uma salada, um prato principal com as opções de lasanha ou costela de porco com purê, sobremesa e uma taça de vinho. A comida estava de-li-cio-sa, foi uma excelente forma de nos despedirmos de San Pedro do Atacama. E o valor acabou sendo bem razoável, já que a bebida estava inclusa: CLP 10.000 por pessoa.

Outras considerações

Clima – e o que levar na mala

As temperaturas médias em San Pedro do Atacama ficam na faixa de 9º a 24º no verão, 0º a 18º no inverno, e 3º a 23º no outono e na primavera.

Nos passeios, as temperaturas chegam a ficar bem baixas, seja em função do vento, seja em função da altitude. No passeio aos Geysers del Tatio, pegamos -10° logo antes do sol nascer! Porém, à medida que o sol vai subindo, o calor vai pegando e pelo fim da manhã já estávamos de bermuda e camiseta. No inverno, a mínima desse passeio pode atingir -30º! As roupas sempre devem ser pensadas em camadas, para tirar à medida que vai esquentando.

No nosso último dia em San Pedro do Atacama vimos o cume do vulcão Licancabur coberto de neve, foi uma visão linda e inesperada para essa época do ano! Li, dias depois, o relato de uma pessoa que fez o passeio ao Salar de Tara naquele dia e viu nevar. Ou seja, é bom estar sempre preparado para possíveis reviravoltas no clima.

A altitude aumenta a incidência do sol, então protetor solar e um bom óculos escuro são imprescindíveis. Chapéus ou bonés também são recomendados.

O lugar é extremamente árido, então outros itens indispensáveis são os hidratantes: para os lábios, para o corpo, para os cabelos, para as narinas e para os olhos. Para os dois últimos, soro fisiológico era suficiente, eu carregava sempre comigo uma embalagem de 100 ml e sempre que sentia alguma secura, aplicava o soro. Para os lábios, usei um hidratante labial comum com protetor solar, mas para o Rodrigo isso não foi suficiente. Se encontra nas farmácias de lá um produto mais potente chamado blistex, experimentamos e era mesmo muito bom.

Ah, e como passeios como Termas de Puritama ou Laguna Cejar incluem banho, leva também teu biquíni/maiô/sunga.

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As ruas áridas de San Pedro do Atacama.
Altitude

Para nos prevenirmos dos efeitos da altitude ficamos tomando chá de coca desde o dia em que chegamos lá. Nos dias aos passeios de maior altitude, ficávamos também mascando as folhas de coca.

Não tivemos nenhum tipo de mal estar, exceto uma tontura passageira que tive no passeio aos Geysers del Tatio. Entretanto, é notável a sensação de falta de ar ao encarar qualquer subida, mesmo que de poucos metros. O negócio é ir sempre devagar, parando quando necessário, cuidar bastante da hidratação e tentar encaixar os passeios em uma ordem crescente de altitude, para dar tempo ao organismo para se acostumar. Consumir chá, folhas e balas de coca também ajuda muito – sempre tem um engraçadinho pra fazer piada com esses produtos, então não custa esclarecer que não, eles não são alucinógenos! 😀

Outros itens necessários

Muitos passeios são a lugares com pouca ou nenhuma estrutura turística, o que significa que nem sempre haverá um banheiro; ou então, pode haver, mas sem papel higiênico ou água para lavar as mãos. Por isso, é imprescindível ter sempre na mochila lenços de papel/papel higiênico e álcool gel.

A aridez da região é muito grande, e além disso, as próprias ruas de San Pedro do Atacama são de terra. A sensação é que estamos o tempo todo cobertos de poeira. Lenços umedecidos foram muito úteis para passar no rosto ao longo do dia e aliviar essa impressão de que eu estava usando uma máscara de areia. 😀

Atacama: dicas para organizar a viagem
Igreja de San Pedro do Atacama.

Não custa dizer que calçados apropriados são fundamentais, pois o tempo todo andamos por terrenos irregulares e às vezes com pedregulhos soltos. Ah, usar roupas clarinhas não é uma boa ideia, pois não demoram a ficar imundas.

Alguns guias estão mais preocupados do que outros em preservar os locais visitados, mas eu penso que isso é responsabilidade de cada um que vai até lá. Levar alguma embalagem para trazer de volta o lixo produzido durante o passeio não é trabalho nenhum e a gente faz a nossa parte para que aquele lugar magnífico siga encantando mais gente.

Em resumo

Em resumo, é necessário desapegar um pouco do conforto para conhecer o Deserto do Atacama (por mais confortável que seja a hospedagem escolhida). Temperaturas extremas, aridez, poeira e estradas sacolejantes são constantes durante a estadia. Mas isso tudo é recompensando com folga por paisagens que entraram na lista das mais lindas que já vimos.

Chegamos a pensar que em cinco dias de passeios as paisagens começariam em algum momento a ficar repetitivas, mas estávamos enganados. Sempre havia algum elemento surpreendente: uma vegetação, uma ave, uma lagoa de cor diferente, um vulcão… Foi um contato muito intenso com a natureza, voltamos de lá extasiados.

Esse período no Atacama já foi espetacular e por si só vale a viagem. Querendo esticar a viagem, uma excelente opção é incluir o tour de 4 dias e 3 noites ao Salar de Uyuni, na Bolívia (foi o que fizemos, e foi tão inesquecível quanto o próprio Atacama).


Nossa viagem pelo Atacama aconteceu entre 19 e 25 de janeiro de 2018.


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