O tour que inclui a Laguna Cejar, os Ojos del Salar e a Laguna Tebinquiche se encaixa muito bem no mesmo dia do tour aos Geysers del Tatio. Não só porque os seus horários permitem, mas também porque enquanto no passeio ao Tatio precisamos acordar muito cedo, ficar um tempo considerável no deslocamento por estradas de terra e ainda chegarmos a uma altitude considerável, neste o ritmo das coisas é bem mais relax.

Saímos de San Pedro no meio da tarde. Os locais visitados são mais próximos da cidade, então não gastamos tanto tempo no trajeto. Para nossa alegria, foi o terceiro passeio seguido que fizemos com a guia Sheryl, além de várias outras pessoas que já conhecíamos por termos feito juntos os passeios anteriores.

Logo chegamos à Laguna Cejar. Apesar do local levar o nome dessa lagoa, atualmente o banho nela não é permitido. O banho acontece na lagoa logo ao lado, a Laguna Piedra, que foi para onde seguimos assim que descemos da van. Sem muita conversa, fomos largar nossas coisas em um ponto à beira da lagoa (algumas pessoas ainda foram colocar roupa de banho, mas é recomendável já ir com ela por baixo) e a Sheryl já foi nos mostrando os melhores lugares para entrar na água. Como o fundo e as laterais são de pedra e de cristais de sal, é necessário ter algum cuidado para não se cortar ao entrar e sair, mas usando os locais indicados não há problemas.

Laguna Cejar, Ojos del Salar y Laguna Tebinquiche
Laguna Piedra.

O interessante de se banhar aqui é que é praticamente impossível afundar. Sua concentração de sal nos faz flutuar mesmo contra a vontade, olhando de fora chega a parecer que as pessoas estão sentadas em alguma cadeira submersa, de tanto que o corpo fica para fora da água. Apesar disso, na maior parte dela não damos pé e algumas pessoas podem se sentir desconfortáveis com essa falta de contato com o fundo da lagoa.

Flutuação na Laguna Piedra, no Atacama.
Laguna Piedra, no Atacama.

Outros cuidados recomendados são não ficar mais do que 45 minutos dentro da água e não mergulhar o rosto, pois o sal é muito agressivo à pele dos lábios, pálpebras e mucosa nasal. Abrir os olhos sob a água nem pensar!

Alguns podem pensar que as águas por aqui são termais, assim como nas Termas de Puritama ou na piscina dos Gêiseres do Tatio, mas não. A água fica na temperatura ambiente, mesmo batendo sol na lagoa a tarde toda ela estava fria (agradável, mas longe de estar morna), em pleno janeiro. Um banho no inverno deve ser complicado…

O ingresso não é barato (CLP 15.000), mas pelo menos a estrutura do local é decente: banheiros, trocadores e chuveiros. Na pequena caminhada entre a lagoa e a área dos chuveiros sentimos na pele – literalmente – a quantidade de sal. O corpo fica todo branco, ressecado e duro!

A água das duchas também é na temperatura ambiente e ao ar livre, além da fila de pessoas aguardando para se banhar também. É suficiente para esfregar bem com as mãos e tirar o sal do corpo. Nós já aproveitamos para vestir as roupas secas, pois o sol já estava baixo e começava a esfriar.

Tivemos tempo para caminhar até mais perto da Laguna Cejar, que apesar de dar nome ao passeio, acaba ficando bem em segundo plano. Antigamente era possível banhar-se nela, mas hoje só podemos nos aproximar a algumas dezenas de metros, sobre uma passarela de madeira. Seguimos então para a próxima parada.

Os Ojos del Salar são duas pequenas lagoas circulares, como buracos, uma a poucos metros da outra – e por isso chamadas de “olhos”. Suas origens são incertas, mas sabe-se que a água é proveniente de fontes subterrâneas.

Ojos del Salar, no Atacama.

O banho é permitido em somente uma delas. Enquanto algumas pessoas aproveitaram para dar uns mergulhos, ficamos curtindo o cenário da cadeia de montanhas e vulcões ao fundo. Não tem como se cansar de ver aquilo.

Laguna Cejar, Ojos del Salar y Laguna Tebinquiche

Não há estrutura nenhuma de chuveiros ou vestiários, nem um banheiro sequer, nos Ojos del Salar. Quem se banha aqui tem que fazer um pequeno malabarismo enrolado na toalha para se trocar. Mesmo no verão é imprescindível vestir roupas secas, a temperatura começa a cair bastante e não dá para ficar com as peças molhadas.

Fomos finalizar o tour na Laguna Tebinquiche. A guia e o motorista montaram uma mesa de petiscos para confraternizarmos. Além dos aperitivos, havia suco, pisco e vinho. No nosso grupo, por acaso somente nós três não éramos chilenos. Ficaram escandalizados quando preferimos tomar o vinho: “como assim vocês não vão tomar o pisco chileno?”. “Olha gente, já provamos o pisco chileno e gostamos, acontece que gostamos demais é do vinho chileno” 😀 E então eu, Rodrigo e Volmério dividimos a garrafa todinha do delicioso carmenére 😛 .

Petiscos na Laguna Tebinquiche.

Depois dos petiscos, demos uma caminhada às margens da lagoa. A coloração que o pôr do sol dava àquele lugar era inacreditável. O sal reluzia, ainda mais branco, as montanhas iam do alaranjado ao cobre e dourado, mais o amarelo da paja brava (vegetação) e o azul do céu e das águas da lagoa. Inesquecível. Fomos todos caminhando em silêncio, absorvidos pela imensidão do lugar e da sua beleza.

Entardecer no Atacama.
Laguna Cejar, Ojos del Salar y Laguna Tebinquiche
Flamingo na Laguna Tebinquiche.
Laguna Cejar, Ojos del Salar y Laguna Tebinquiche

Na foto acima, vemos uma construção “perdida” no meio das montanhas (uma “mancha” branca, bem no meio). Trata-se do centro de operações do ALMA, sobre o qual falei a respeito no post do Tour Astronômico.

Iniciamos o retorno para San Pedro de Atacama, mas o céu estava com um colorido tão espetacular que ainda paramos na estrada para apreciar aquela maravilha e fazer mais algumas fotos.

Laguna Cejar, Ojos del Salar y Laguna Tebinquiche
Galera muito legal!

Final do quarto dia de passeios e nós completamente apaixonados pelo Atacama…

Resumo das informações práticas:

  • Agência: Atacama Connection
  • Valor: 13.000 pesos chilenos por pessoa
  • Ingresso: 15.000 pesos chilenos na Laguna Cejar e 2.000 na Laguna Tebinquiche (valores por pessoa)
  • Importante levar: roupa de banho, toalha, chinelos, protetor solar, óculos escuros, roupas secas para depois dos banhos e roupas quentinhas para quando o sol se pôr.

Este passeio aconteceu em 23 de janeiro de 2018.


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