Kotor é uma das cidades mais procuradas pelos turistas em Montenegro. Costuma ser parada comum entre os navios de cruzeiro que operam rotas pela região do Mar Adriático. Muitas pessoas também visitam essa cidade em bate-voltas a partir de países vizinhos, em especial da Croácia.
Nós estivemos lá durante uma parada de cruzeiro. As poucas horas que ficamos me deixaram com muita vontade de voltar e passar algum(as) noite(s) na cidade, pois adoro a calma e o clima dessas cidades pequenas. Principalmente à noite, quando os turistas dos cruzeiros e dos bate-voltas foram embora. Mas a questão é que tínhamos poucas horas para aproveitar e deixo aqui a sugestão do que fazer para quem está na mesma situação.
A cidade de Kotor
Kotor está à beira da baía de mesmo nome, a Baía de Kotor (ou ainda, Baía de Cátaro). Trata-se de uma baía relativamente estreita, toda circundada por montanhas bem altas, e por esse motivo frequentemente o local é chamado de fiorde.
A paisagem que temos conforme o navio vai avançando baía adentro é deslumbrante, vamos nos sentindo minúsculos. Recomendo não perder os momentos em que o navio está entrando e saindo da baía (do mar aberto até as margens da cidade dá aproximadamente uma hora).
O navio ficou ancorado no meio da baía e barcos menores nos levaram ao porto. No desembarque, muitos taxistas e agentes de turismo oferecendo excursões pela região. O preço comumente cobrado era 50 euros por pessoa. Nós preferimos aproveitar o local por conta própria e não nos arrependemos.
Cidade Murada (Old Town)
Saindo do porto, é só caminhar uns metros e atravessar a rua para chegar ao portão principal da cidade murada, o Sea Gate. Ainda do lado de fora, à esquerda do portão há um quiosque de informações turísticas e aproveitamos para pegar um mapa com as atrações da cidade.
Ao entrar, já estamos na Praça de Armas, a maior dentro da cidade murada, e de frente para a Torre do Relógio. Seguimos andando aleatoriamente pelas ruas estreitas e com pavimento de pedras.
A Cidade Murada foi construída entre os séculos XII e XIV e por isso seguiu o modelo de urbanização típico da idade média, o qual se mantém até hoje. Está tão bem preservada que consta na lista de Patrimônio da Humanidade da UNESCO.
Intercaladas com as ruas estreitas, encontramos algumas praças, algumas delas com igrejas. A primeira com que nos deparamos foi a Igreja Ortodoxa de São Nicolas. Seu interior tem algumas pinturas bem bonitas, vale a pena entrar por alguns minutos para ver (a entrada é grátis).
Seguimos em direção ao Portão Norte, ou River Gate. Passamos em frente à Igreja de Santa Maria Colegiada, que estava fechada. Atenção para o belo portão em bronze dessa igreja.
Saímos pelo Portão Norte e de lá admiramos o visual do rio Scurda, de águas verdinhas. As montanhas como pano de fundo complementam o cenário.
Retornamos para dentro da Cidade Murada e encontrei um dos inícios da trilha que segue montanha acima até a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios e o Forte São João, mas falarei com mais detalhes sobre essa trilha a seguir. Quando retornei da trilha, (e após almoçar) segui na direção sul da cidade antiga até chegar na Catedral de São Trifão. A entrada para a catedral, incluindo o seu museu, custa €2,50. Eu estava tão deslumbrada com a paisagem natural da região, ainda mais após ter feito a trilha até o forte no alto da montanha, que preferi não fazer mais nada que fosse em um ambiente fechado.
Fiquei mais um tempo perambulando pelas ruas da cidade, até sair pelo portão sul (ou Gurdic Gate). Aproveitei meus últimos momentos antes do horário de partida do navio dando uma caminhada sem pressa pela beira da baía. Eu não conseguia parar de olhar para o mar verde contrastando com as enormes montanhas e ficar repetindo para mim mesma “uau, que lugar lindo”.
Trilha para a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios e o Forte São João
Esse é sem dúvida o melhor programa a se fazer em Kotor, mas ao mesmo tempo, é uma atividade que requer um certo grau de condicionamento físico. O trajeto é íngreme e pedregoso. Cada um deve avaliar se tem condições de fazer parte da trilha ou toda ela. Eu estava com meus pais e eles não tinham como fazer nem mesmo parte dela, então fui sozinha. Eles seguiram passeando pela cidade.
Ah, não custa dizer: vai com roupas e (principalmente) calçados apropriados, e leva água.
A entrada custa atualmente €8 por pessoa. Foi engraçado que, nesse dia, o movimento estava tão fraco em função da época e do dia chuvoso que fazia, que o bilheteiro disse “não precisa pagar, hoje tem pouca gente” 🙂 . Quando desci, o clima tinha melhorado, mais pessoas estavam entrando e a cobrança de ingresso estava normal.
Existem dois pontos de partida: um logo atrás da Igreja de Santa Maria Colegiada, que foi por onde fui, e o outro na Praça (Pjaca) Od Salate.
A trilha segue montanha acima por 1350 degraus e a uma altura que atinge aproximadamente 280 metros em relação ao mar. É inevitável parar para admirar a paisagem e para tirar fotos praticamente a cada curva da trilha. Quanto mais subimos, mais lindo fica, e o “embasbacamento” é crescente.
A Igreja de Nossa Senhora dos Remédios
A aproximadamente um terço da subida, fica a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios.
Para quem não quiser ou não puder fazer a trilha toda, a subida até a igreja ou mais alguns lances de degraus acima dela já garante uma vista arrasadora e recompensadora. Até essa parte levei algo entre 20-25 minutos.
Quis subir até o forte e segui a caminhada estrada acima. A chuvinha seguia insistente, mas teve o lado bom. Além de eu não ter pago a entrada 😛 , havia pouquíssimas pessoas subindo e descendo. O silêncio e a paz eram indescritíveis.
Quase na chegada ao forte, uma pegadinha. Logo após este portão aí abaixo, o caminho se divide em três: duas escadarias e um caminho reto à direita. Subi na primeira escada (bem à esquerda), e não tinha saída. Voltei e subi na segunda. Idem. É, o caminho para o forte é o da direita. Fica a dica. 😀 Tirando esse trechinho, todo o resto segue um caminho único e é muito tranquilo de fazer por conta própria, sem necessidade de guia.
Forte São João
Uma hora e pouco de subida e cheguei ao topo. Hoje em dia restam somente as ruínas do forte, mas, ainda assim, o lugar tem seu charme. E a vista… não dá nem pra descrever, de tão lindo. Isso que o clima estava feio.
Entre subir, descer e fazer paradas para curtir, levei pouco mais de duas horas. A chuva deixou as pedras do caminho um pouco escorregadias, portanto daria para fazer em menos tempo. Se és uma pessoa pouco ativa ou costumas demorar mais nas trilhas do que a média das pessoas, talvez seja interessante começar o dia fazendo a subida e deixar para explorar a cidade no tempo que sobrar (e acho que seria bom levar também um lanche para a trilha). E ressalto: essa trilha foi a melhor coisa que fiz em Kotor. Valeu a pena subir cada um dos 1350 degraus e eu faria de novo sem sombra de dúvidas.
Tendo tempo e disposição, dá para dar mais uma esticada na caminhada. Quase na chegada ao forte tem uma portinha na muralha que dá em uma trilha secundária, levando até a pequena Igreja São João, na parte de trás da montanha. Essa eu me contentei em ver lá de cima. 😉
Mapa
Marquei os pontos no mapa mais a título de ilustração, porque é uma delícia caminhar sem rumo pelas ruelas da cidade antiga. É pequeno, não tem como se perder e inevitavelmente a gente acaba chegando nos lugares interessantes.
Para mais sugestões do que fazer em Kotor, recomendo este guia (em inglês) do site Toms Port Guides, bem legal.
Confere também os posts das outras cidades que visitei durante este cruzeiro:
Essa passagem por Kotor aconteceu em 26 de novembro de 2018.
Tens algo a acrescentar sobre Kotor? Ficaste com alguma dúvida? Deixa um comentário! 😉
Boas viagens a todos!
6 de março de 2019 at 22:40
O roteiro está excelente, mas Kotor é um lugar aonde desejo regressar para ficar vários dias. Justifica 🙂
7 de março de 2019 at 16:44
Verdade, Rui! É um lugar que merece muito ser degustado em uma estadia mais longa.
7 de março de 2019 at 07:12
Faz uns dois anos que digo que quero conhecer Montenegro, e claro que Kotor está nos meus planos e depois de ver seu post eu decidi fazer o possível para que seja esse ano ainda!
7 de março de 2019 at 16:47
Tomara que tu consigas realizar logo esse plano! É uma delícia de lugar!
7 de março de 2019 at 07:45
Que legal. Essa cidade deve ser bem interessante, e em apenas um dia da para conhecer muitos pontos bem legais eim! Adorei seu roteiro
7 de março de 2019 at 16:48
Fico feliz que gostaste, Diego!
7 de março de 2019 at 08:40
Que cidade charmosinha, deu pra aproveitar mesmo com a chuvinha! Gostei das marcacoes no.mapa
7 de março de 2019 at 16:52
Sou meio que maníaca por mapas hehehe, gosto de visualizar onde fica cada atração.
E felizmente a chuvinha não foi suficiente para estragar o passeio!
7 de março de 2019 at 14:53
Que lugar incrível!!! Fiquei maravilhada com os relatos da cidade murada…e essa trilha para igreja, que massa!!! A vista é mesmo de arrepiar!! Amo esses lugares de pura história! Obrigada por compartilhar 🤗
7 de março de 2019 at 16:55
Eu que agradeço teu comentário, Avelina!
Kotor combina história com uma paisagem deslumbrante, impossível não se encantar com ela!
25 de agosto de 2019 at 11:48
Helen, amei esse post. Você escreve de um modo tão simples que não precisarei de muitas consultas mais para fechar meu roteiro de um dia (desembarcando) em Kotor. Vou dar uma olhada também no Tom Ports Guide, que você indica. Dei uma olhada no seu perfil e vi que é muito semelhante ao nosso (viagens econômicas, pessoas “normais”, que compartilham dicas de viagens… rsrsrs…) Muito bom! Já vou olhar outros destinos no seu site! Pois fazendo um bom roteiro prévio, a gente consegue curtir muito mais a viagem. Obrigada e bom Domingo!! Adriana
26 de agosto de 2019 at 18:47
Olá, Adriana.
Fiquei muito feliz com teu comentário!
Vou dar uma conferida no teu blog também. 😉
Abraços e boas viagens.
10 de setembro de 2019 at 14:57
Olá! vc entrou pela Igreja de Santa Maria Colegiada, mas desceu por onde?
obrigada!
10 de setembro de 2019 at 18:46
Olá, Giovana!
Para a trilha, entrei e saí pelo mesmo ponto de acesso: um pouco atrás da Igreja de Santa Maria Colegiada.
11 de janeiro de 2024 at 15:04
Agradeço-te muito os teus comentários! Fiquei interessandíssimo em ir! Agradeço-te muito, pois até imprimi, par depois não esquecer nada! Muito obrigada.
Um grande beijinho e muitas Felicidades! Um Excelente Ano Novo de 2024!
Ana
27 de março de 2024 at 20:32
Eu que agradeço teu comentário tão carinhoso!
Boas viagens!
10 de maio de 2024 at 19:28
Olá,
Quanto tempo durou a parada do seu navio?
Em que estação do ano ocorreu?
Farei uma parada em outubro e gostaria de subir até o Forte, entretanto estou preocupada, pois ficarei na cidade apenas 6 horas e preciso descontar o tempo de desembarque/reembarque, além de querer desfrutar um pouco do centro da cidade, como fizeste. Em outubro, os dias são curtos. Acha que vale arriscar a subida??
8 de agosto de 2024 at 19:32
Olá!
Nossa parada do navio em Kotor foi de cerca de 6 horas também. Aconteceu durante o mês de novembro.
Dá tranquilamente para tu fazer a subida – por favor, sobe lá, é a melhor coisa para se fazer em Kotor e é a coisa mais linda! Começa tua visita fazendo a subida e deixa para explorar a cidade no tempo que restar, tu não vai te arrepender.