O Valle de la Luna (Vale da Lua) é um passeio próximo a San Pedro do Atacama – inclusive, algumas pessoas vão até lá de bicicleta para explorar – e geralmente é o primeiro passeio que os visitantes fazem na região por não requerer um período de adaptação à altitude, que é a mesma da cidade. Há variações nos tours ofertados pelas agências, alternando a ordem dos locais visitados e até mesmo o turno, mas o mais comum é o do final de tarde, que termina após todos assistirem o espetacular pôr do sol.
Partimos da sede da agência em um microônibus com ar condicionado – felizmente, pois o calor estava de matar. Nossa guia, Corine, é francesa mas vive há muitos anos no Chile e é completamente apaixonada pela América do Sul. Disse que a “Europa é um continente falido, tudo lá é velho, ultrapassado” e que tem um namorado em Portugal que quer que ela vá para lá morar com ele, mas “ele que venha para cá”. Uma figuraça 😀 .
Rapidamente chegamos à entrada do Valle de la Luna. Enquanto tirávamos fotos junto ao pórtico, a guia providenciava o pagamento dos ingressos.
Mais uns minutinhos de estrada e chegamos ao pé da enorme duna que leva ao mirante do Vale da Lua. Sente-se uma leve falta de ar, pois estamos a cerca de 2400 m de altitude.
Mas imediatamente a paisagem nos faz esquecer qualquer cansaço:
O que vemos é impressionante. De fato, não parece uma paisagem terrestre. O nome Valle de la Luna foi dado pelo belga Gustavo Le Paige, que além de ter sido o padre do povoado de San Pedro do Atacama nos meados da década de 50, realizou importantes trabalhos arqueológicos na região.
Uma das formações naturais que mais se destacam no Valle de la Luna é a conhecida por Anfiteatro. Olhem o tamanho dela em comparação aos microônibus que estão passando na estrada em frente:
À medida que a guia vai dando mais explicações, o lugar vai se tornando ainda mais fascinante. Por exemplo, todas as porções de branco que avistamos por lá são formadas de sal! 😮
Depois do Vale da Lua, embarcamos no microônibus em direção à próxima parada. Descemos para conhecer as rochas naturalmente esculpidas conhecidas como As Três Marias ou Os Penitentes. O nome também foi dado por Gustavo Le Paige – como comentei, ele não só era arqueólogo, mas também religioso.
Nossa próxima parada foi na caverna de sal – Cuevas de Sal. As pessoas com mobilidade reduzida ou com claustrofobia foram advertidas antes de entrarmos, pois o trajeto tem algumas dificuldades.
Foi bem mais legal do que eu imaginava. Levamos algo entre 20 e 30 minutos para atravessar uma espécie de cânion, passando por ambientes apertados. Em alguns trechos tivemos que passar agachados, em outros precisamos subir e descer rochas, e em alguns pontos tivemos que usar as lanternas dos celulares. Grande parte do tempo seguimos em fila indiana, porque o caminho é estreito.
As formações rochosas são bem curiosas e existem diversos blocos de sal encravados na pedra. A essa altura nosso grupo, que era de umas 15 pessoas, já tinha se entrosado e todos foram se ajudando a subir, descer e atravessar a “caverna”. Nosso amigo Volmério, em especial, foi eleito o caballero do grupo e a nossa guia até perguntou se ele era solteiro. 😀
Todo tour tem aquela(s) pessoa(s) que atrasa(m) todo o resto, e nesse passeio eram dois caras chilenos. Desde o Vale da Lua, toda vez que a guia parava em um ponto para dar alguma explicação, ela tinha que esperar os dois chilenos que vinham atrasados lá atrás. Foi elegantíssima a maneira como a Corine lidou com isso, transformando a situação que poderia ser desagradável em algo que acabou divertindo a todos, brincando e fazendo piadas. Durante a travessia da caverna, onde é importante manter todo o grupo unido, a todo momento ela parava e perguntava “onde estão os chilenos?”, e dali a pouco os próprios companheiros de passeio já chamavam: “chilenos? onde estão vocês?”. 😀
Seguimos então para a atração final do tour: assistir ao pôr do sol no Valle de la Muerte. Existem algumas teorias para explicar o nome Vale da Morte, mas de acordo com a nossa guia, o nome surgiu em uma confusão causada pelo sotaque de Le Paige. Assim como a comparação com o cenário lunar originou o nome do Vale da Lua, dizem que aqui ele afirmou que se assemelhava a Marte, porém os habitantes locais teriam confundido marte com morte, devido à pronúncia, e o nome acabou ficando.
O ponto mais tradicional é a Pedra do Coiote, uma rocha proeminente que rendia fotos bem bonitas das pessoas sentadas à beira do desfiladeiro, mas essa formação teve seu acesso proibido por estar com risco de desabamento. De qualquer forma, há bastante espaço nos arredores na beira do vale e mesmo com a enorme quantidade de pessoas por ali deu para assistir o sol se pondo majestosamente naquele cenário inacreditável.
Assim que o sol termina de desaparecer atrás das montanhas, a temperatura cai com uma velocidade impressionante. É também um local onde venta muito, o que contribui para reduzir a sensação térmica. É importante levar casacos para colocar neste momento. Em poucos minutos, passamos do “estou cozinhando de calor” para o “se eu tivesse mais agasalhos aqui, eu usaria!”.
Retornamos para o microônibus, no meio de dezenas de veículos de transporte de diversas operadoras de turismo. Todos já a bordo, e quem faltava? Sim, somente os chilenos! Dali a pouco vem os dois correndo, esbaforidos, e já iam passando pelo nosso veículo. Todos começaram a gritar “Ei! Ei! Chilenos!”, aí eles voltaram e embarcaram com cara de quem quase teve que passar a noite ali. Foi uma risada geral. 🙂
Voltamos para San Pedro, maravilhados com o que vimos nesse dia e cheios de expectativas pela ideia de que ainda havia muito mais nos aguardando nos próximos dias.
Resumo das informações práticas:
- Agência: Atacama Connection
- Valor: 13.500 pesos chilenos por pessoa
- Ingresso: 3.000 pesos chilenos por pessoa
- Importante levar: protetor solar, óculos escuros, água e agasalhos para quando o sol se põe.
Este passeio aconteceu em 20 de janeiro de 2018.
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