Favignana é uma ilha a oeste da Sicília, pertencente ao arquipélago das Ilhas Égadi. Com 9 quilômetros de comprimento por (no máximo) 4 de largura, guarda um surpreendente número de praias pitorescas e incrivelmente lindas.

Passamos um dia em Favignana durante nossa viagem pelo Sul da Itália (lê aqui o roteiro). Neste post, conto como foi nossa passagem por lá. Mas antes, algumas informações úteis para quem pretende conhecer essa belíssima ilha.

Como chegar em Favignana

Os hidrofólios para Favignana saem de Trapani, na costa da Sicília. A travessia dura de 30 a 40 minutos. Com uma frequência bem menor de horários, saem também de Marsala (o tempo de travessia é o mesmo). Na alta temporada, é importantíssimo adquirir com antecedência as passagens. Para consultar os horários ou comprar online, confere o site da Liberty Lines.

Para quem quiser fazer a travessia com seu veículo, a consulta de horários e a compra de bilhetes para a balsa é pelo site da Caronte & Tourist.

O principal aeroporto próximo a Favignana é o de Palermo, a 80 quilômetros de Trapani. O aeroporto de Trapani, distante 17 quilômetros do centro da cidade, recebe voos da lowcost Ryanair vindos de outras cidades italianas e europeias.

O que fazer em Favignana

As principais atrações de Favignana são suas praias. As águas muito límpidas, as rochas e as falésias à beira-mar formam cenários peculiares. Muitas delas não tem faixa de areia, sendo necessário acomodar-se sobre pedras. As mais conhecidas são:

  • Cala Rossa – muitas vezes citada entre as mais belas praias da Itália. Não possui faixa de areia, os banhistas precisam enfrentar uma boa descida da falésia em direção à praia e instalar-se sobre rochas planas.
  • Cala Azzurra – o mar muito azul justifica seu nome. Facilmente acessível, com bom espaço para acomodar-se sobre as pedras.
  • Lido Burrone – possui uma boa faixa de areia, é facilmente acessível (sem subidas ou descidas no acesso) e restaurantes ao redor.
  • Bue Marino – uma antiga pedreira. As grutas formadas pela extração de pedra hoje servem de abrigo para os banhistas. Não há faixa de areia e o acesso requer uma descida por entre as rochas.
  • La Praya (ou “Praia”) – junto ao centro da cidade, com faixa de areia.
  • Cala Faraglioni e Cala del Pozzo – praias de pedras, indicadas para mergulhos.
  • Punta Sottile – o melhor ponto para se assistir ao pôr-do-sol.

Além das praias, outras atrações de Favignana são:

  • Ex Stabilimento Florio – uma antiga tonnara: estabelecimento onde os atuns pescados eram conservados e embalados para comercialização. Foi uma das mais importantes do Mediterrâneo e imprescindível para o desenvolvimento de Favignana. Hoje, abriga um museu dedicado ao tema.
  • Castello di Santa Caterina – erguido no final dos anos 1400 no topo do monte de mesmo nome, o mais alto da ilha. A subida a pé leva cerca de uma hora até os 287 metros de altitude. O castelo encontra-se em ruínas e fechado, sendo a visão 360º que se tem de Favignana o atrativo do local.

E, tendo mais tempo em Favignana ou em alguma outra base próxima, é possível visitar as outras ilhas Égadi: Levanzo e Marettimo.

Outras dicas sobre Favignana

  • Como as principais atrações de Favignana são suas praias, naturalmente a melhor época para visitá-la é no verão.
  • Fazer um passeio de barco ao redor da ilha é uma forma bastante interessante para conhecer um bom número de praias em um dia. Ao desembarcar do hidrofólio, diversas pessoas oferecem opções desses passeios.
  • A ilha é pequena e, em grande parte, plana. Por isso, a bicicleta é o melhor meio de transporte. Também no desembarque do hidrofólio, várias pessoas oferecem o aluguel de bicicletas (as lojas ficam bem ali, em frente ao porto). Para quem quer ainda mais agilidade nos deslocamentos (ou menos desgaste físico), há aluguel de bicicletas elétricas e também de scooters.
  • Passar alguns dias em Favignana certamente é a melhor opção para desfrutar com calma de seus recantos e das outras ilhas Égadi. Para quem não tem tanto tempo assim, um bate-volta de Trapani já rende um dia inesquecível. Em Trapani, várias empresas oferecem passeios para Favignana, mas é muito tranquilo de ir por conta própria – parando onde e quanto tempo der vontade. Foi o que fizemos e conto como foi a seguir.

Um dia em Favignana

Compramos nossas passagens de barco diretamente no porto de Trapani um dia antes. Chegamos perto do horário de saída do barco e, só por curiosidade, dei uma olhada no guichê de vendas. Havia um cartaz dizendo que para aquela manhã não havia mais disponibilidade. Por isso, repito: compra o tíquete do barco com antecedência (especialmente na alta temporada).

O mar estava bem agitado e enquanto embarcávamos anunciaram que o barco para Marettimo (a mais distante das ilhas Égadi) tinha sido cancelado em função disso.

O hidrofólio é um tipo de barco bem interessante. Quando a embarcação se afasta do porto, um mecanismo ergue seus “pés”, tirando o casco do contato com a água e permitindo um bom aumento na velocidade.

No desembarque, diversas pessoas oferecendo aluguel de bicicletas e scooters. Olhamos umas três lojas, uma do lado da outra em frente ao porto. Todas cobravam os mesmos preços, escolhemos pela que parecia ter as bicicletas mais novinhas. Levei cópia do passaporte e minha carteira de motorista, caso eles quisessem ficar com um documento original durante o aluguel, mas eles só tiraram uma cópia da CNH mesmo e me devolveram. O pagamento é feito na devolução e eles emprestam a tranca para as bikes. Ah, além disso, a moça nos deu um mapa da ilha, indicou como chegar nas praias mais famosas e destacou quais não seriam boas de visitar nesse dia em função do vento e de sua direção. Pagamos 5 euros o aluguel de cada bike para o dia todo.

Logo que saímos pedalando, vimos umas pessoas tirando fotos nas pedras à beira-mar, veio uma onda forte e… encharcou as pessoas! Ok, melhor levar a sério a orientação de evitar as praias com muito vento. 😀

Seguimos direto para Lido Burrone. Em boa parte dos entroncamentos nas estradas há placas indicando a direção de cada praia, é bem tranquilo de se achar.

Há um estacionamento na entrada do lido. Achamos uma cerca “disponível” e já estávamos colocando a tranca, mas apareceu uma mulher em uma janela, gritando que a cerca estava caindo e que não era para prender bicicletas ali! Vimos que as pessoas simplesmente prendiam uma bicicleta na outra, então fizemos o mesmo em todas as nossas paradas durante o resto do dia.

O visual de Lido Burrone impressionou, mas infelizmente a moça da loja errou na estimativa do vento para esse lugar. Estava bem forte! Ficamos pouco tempo e fomos embora.

Castello di Santa Caterina, visto do Lido Burrone.

Paramos para tirar umas fotos na praia de Grotta Perciata e seguimos para a Cala Azzurra.

Grotta Perciata.

Ao chegar na Cala Azzurra, ficamos de queixo caído. As altas expectativas que tínhamos de Favignana foram imediatamente superadas! Água de uma cor tão linda que beira o ridículo.

Não há faixa de areia e as pessoas se acomodam como podem. Basicamente, todos ficam amontoadas por cima ou entre pedras. É bem diferente!

Galera amontoada sobre as pedras, até com guarda-sol. 🙂

Entrar e sair da água também é uma função. As pedras na beira da água são bastante escorregadias. Usar sapatilhas de neoprene ou papetes é altamente recomendado.

A função de entrar ou sair da água equilibrando-se sobre as pedras.

É um lugar sensacional! Chegamos a cogitar simplesmente ficar ali o resto do dia, de tão bom que estava. Porém, decidimos seguir em frente e conhecer mais um pouco da ilha.

Fomos para Bue Marino. Na chegada, havia dois quiosques: um vendendo granitas e sucos, e o outro vendendo paninis de atum. A fome já estava batendo e pegamos um panini para cada. Eles vinham recheados com um “senhor” bife de atum, estava ótimo!

Com a barriguinha cheia, fomos procurar o caminho para chegar à praia. Quando vimos como era o acesso e a praia em si, ficamos embasbacados. Se já tínhamos achado a Cala Azzurra diferente e linda, Bue Marino superou isso logo de cara. Ela é muito mais peculiar e de uma beleza estonteante!

O local foi uma pedreira, e restaram as grutas que hoje servem para os turistas se abrigarem do sol. A entrada e saída da água são mais complicadas do que na Cala Azzurra, direto das pedras para uma água onde não se dá pé. Mesmo assim, muitas famílias estavam ali, as crianças bem felizes com suas boias de braço.

Uma gruta onde a turistada se abriga do sol.

O contraste de tons de azul é es-pe-ta-cu-lar! A parte clara é onde o fundo é de areia e a parte escura é onde há uma vegetação subaquática.

Vegetação subaquática que dá o tom escuro visto de fora da água.

Eu ainda queria conhecer a Cala Rossa, mas ali estava tão incrível (ainda bem que a gente decidiu não ficar na Cala Azzurra) que resolvemos aproveitar Bue Marino até o último instante e só dar uma passada para vê-la na hora de ir embora.

Com todo aquele monte de pedregulhos por todos os lados, uma hora o Rodrigo estava voltando da água para a “caverna” e deu com a cabeça em uma ponta da rocha, que ele não viu. Disse que tinha um italiano atrás dele que presenciou a pancada e ficou apavorado, falando um monte de coisa sem parar. Imagina a pessoa com a cabeça rodopiando e um italiano falando rápido querendo ajudar 😀 . No fim, foi só uma batida, mas fica o alerta: tomem cuidado!

Voltando para devolver a bicicleta, passamos na Cala Rossa. Mais uma decisão acertada nossa: o mar estava super forte e era impossível descer as pedras para tomar banho. Sem dúvida o lugar é lindo, mas naquele dia estava impossível curtir praia ali.

Devolvemos as bikes e ainda deu tempo de fazer um lanche em um estabelecimento bem em frente ao porto (comi uma genovese – um doce bem gostoso, provem! – e o Rodrigo, um gelato).

Já estava cheio de gente aguardando o embarque para voltar para Trapani, mas, ainda em função das condições do mar, nosso barco atrasou uns 45 minutos. É, o mar e o vento não estavam a fim de facilitar as coisas nesse dia!

Até hoje Cala Azzurra e Bue Marino estão entre nossas memórias de praias mais lindas que já conhecemos. Só de lembrar, me sinto muito feliz por ter tido a oportunidade de ver de perto paisagens tão pitorescas.

Muito ainda ficou por conhecer em Favignana, daria para ficar por ali mais uns dias fácil, fácil. Quem sabe um dia voltamos para conhecer outras praias e também as ilhas de Levanzo e Marettimo? Mas recomendo sem sombra de dúvidas um bate-volta de um dia para quem tem pouco tempo. Garanto que será inesquecível!


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