O Templo Fushimi Inari
Fushimi Inari Taisha é um dos principais templos de Kyoto e costuma estar no roteiro de viagem de qualquer turista que visita a cidade.
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O templo é dedicado a Inari, Deus do arroz. Muitos outros templos por todo o Japão são dedicados a Inari – imaginem a importância desta entidade relacionada ao arroz, o grão base da alimentação japonesa. Porém, Fushimi Inari é o principal templo dedicado a esse deus.
A raposa é considerada a mensageira de Inari. Muitas vezes ela está representada com uma chave na boca, como uma espécie de guardiã do templo. Na entrada de Fushimi Inari, encontramos duas enormes estátuas de raposas, uma de cada lado, além de inúmeras outras de menores proporções espalhadas pelo complexo desse templo.
As imagens mais conhecidas do Fushimi Inari são das suas encantadoras trilhas adornadas por milhares de toriis (torii é como um portão ou portal, que demarca a entrada de um lugar sagrado ou estabelece o limite entre o mundo dos homens e o dos espíritos).
Cada um dos toriis é uma doação feita em oferenda ao deus Inari, e na parte de trás de cada um deles consta uma gravação com o nome do doador.
A entrada de Fushimi Inari está aos pés do Monte Inari, e os caminhos adornados por toriis levam ao topo do monte em uma trilha que leva cerca de duas horas para ser percorrida por completo.
Porém, não é necessário subir ao topo do Monte Inari para desfrutar dos belos caminhos entre os toriis. Logo após a construção principal de Fushimi Inari, temos o início dos dois caminhos de toriis: há uma recomendação de que um seja usado para a ida e o outro para a volta, apesar de muitas pessoas não respeitarem isso.
O início do trajeto é bem cheio e concorrido, mas quanto mais caminhamos, mais conseguimos nos afastar das aglomerações e assim curtir realmente a tranquilidade de estar na floresta que cobre o Monte Inari. Ah, de bônus, dá pra tirar belas fotos sem figurantes. 🙂
O ataque animal
Como já comentei aí acima, o complexo do templo se espalha pelas encostas do Monte Inari e sua floresta.
Por isso, é recomendável manter-se sempre nas trilhas demarcadas e há alguns avisos sobre o risco de ataques de javalis. 😮
Chegamos ao final do primeiro trecho de trilha, sinalizado por um ponto vermelho no mapa abaixo.
Neste ponto temos uma boa vista da cidade de Kyoto:
Dali, pode-se continuar a subida em direção ao topo do monte, ou retornar por um caminho alternativo descendo rumo ao templo principal, na entrada do complexo. Uma gripe estava me pegando e eu estava com o corpo todo doído, então resolvemos descer.
Este caminho secundário, apesar de não ser adornado por toriis, é cheio de pequenos templos e altares, repletos de oferendas em variados formatos, tamanhos e cores. É muito bonito também.
Encontramos um pequeno grupo de pessoas fotografando um bicho. Não, não era um javali (tampouco uma raposa). Era um macaco. Olhamos melhor e percebemos que era uma macaca (um bicho grandinho, de cerca de meio metro de altura) que estava com seu filho pequeninho.
Observamos meio de longe. Macaco é um animal que me causa um certo receio, parece que a qualquer momento ele vai te fazer uma sacanagem. Minha amiga Nati resume muito bem o sentimento dizendo que “macaco parece que tem uma pessoinha do mal por dentro”. 😀
A macaca saltou em direção a um menino que estava fotografando ela e quase tirou o celular da sua mão, então se sumiu com seu filhote.
Seguimos nossa descida, admirando os templinhos e as oferendas que os enfeitavam. Dali a pouco noto o macaco-bebê pendurado em um altar, destroçando umas oferendas de tecido (parecidas com os nossos fuxicos). Me virei para chamar o Rodrigo para ver aquela cena, usando somente gestos para não espantar o macaquinho.
Quando olho para a cara dele, parece que tudo ficou em câmera lenta: seus olhos foram se arregalando, sua mão foi se estendendo na minha direção, sua boca foi se abrindo… Mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa… pá! Senti o impacto de algo pesado no meu braço!
Quando percebi, a macaca já estava com os dentes grudados na manga do meu casaco, enquanto me puxava com as patas com uma força que eu não imaginava que um bicho daqueles podia ter!
Era eu puxando para um lado tentando me desvencilhar daqueles dentões e ela me puxando para o outro com um olhar de “eu vou te matar!”.
Quando consegui me soltar do bicho, o Rodrigo gritou “vaza! vaza!” e saímos os dois correndo sem olhar para trás, por duas ou três dezenas de metros.
A manga do meu casaco ficou rasgada e eu sempre penso o que teria acontecido se fosse verão e eu estivesse de manga curta. Felizmente não sofri nenhum arranhão. Descemos o resto do caminho em alerta, mas não vimos mais a desgraçada da macaca.
É claro que hoje damos muitas risadas dessa história, e temos ótimas lembranças do Fushimi Inari. Foi sem dúvidas um dos lugares mais bonitos que conhecemos em Kyoto.
Informações práticas sobre o templo Fushimi Inari
- Horário de funcionamento: aberto 24 horas
- Ingresso: gratuito
- Como chegar: de trem a partir da estação central de Kyoto, pegar a linha JR Nara e descer na estação Inari. Da estação até o templo, são aproximadamente 5 minutos de caminhada.
- Site: Fushimi Inari Taisha
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