A relação dos japoneses com sua comida é muito bonita. Enquanto estava em fase de planejamento da viagem à Terra do Sol Nascente, assisti uma série bem interessante na Netflix, tratando sobre as comidas e os hábitos no Japão.
Samurai Gourmet é baseada em um mangá (história em quadrinhos), e tem como personagem principal Takeshi Kasumi. Ele é um senhor de 60 anos que acaba de se aposentar e fica meio “sem chão” por não ter mais a rotina diária de trabalho. Aos poucos, ele vai descobrindo o prazer de explorar restaurantes, pratos e bebidas que lhe proporcionam muito mais do que a satisfação de comer. Takeshi é um cara muito bonzinho e um tanto inseguro, mas em determinadas situações surge o samurai determinado, justo e destemido (mas só na sua cabeça, é tipo seu alter-ego 🙂 ).
A série é gostosa de assistir, despretensiosa, um bom entretenimento. Os episódios são curtos (cerca de 20 minutos de duração), sendo uma boa opção para ocupar aquelas brechinhas de tempo livre (dica: assistir durante alguma refeição, pois dá uma fome… 😉 ).
Mas o que realmente gostei nela, foi ter conhecido um pouco mais sobre diferentes pratos japoneses e os costumes que os acompanham – esse é o seu verdadeiro tema principal. As cenas de comidas são lindas! Produtos frescos, panelas fumegantes, ingredientes combinados com suavidade, tudo muito bonito e delicado. Dá para sentir o amor e o respeito que eles têm pelos alimentos.
Seguem aí algumas das coisas que a série mostra:
Itadakimasu
Sempre antes de uma refeição, eles agradecem pelo alimento unindo as mãos, curvando-se à frente levemente e dizendo “Itadakimasu” – ou “obrigado pela comida”.
Olhem que bonito o que a Silvia, do site Japão em Foco, escreveu sobre isso: “O agradecimento inclui plantas e animais que deram suas vidas ou que direta ou indiretamente contribuíram para que a refeição pudesse ser feita e também agricultores, pescadores, caçadores, criadores de animais e ainda o chef de cozinha, ou qualquer outra pessoa que tenha preparado a comida” (post completo aqui).
Kanpai
É o nosso tradicional “saúde” ao fazer um brinde. Pelamor, não se diz tim-tim, pois é um sinônimo de “órgão sexual masculino” 😀 !
Izakaya
São os bares, e por que não chamar de botecos, japoneses. É um local para beber saquê e cerveja, e há uma variedade de petiscos para serem saboreados com a bebida.
Yakiniku
É o churrasco japonês. Uma grelha sobre um recipiente com carvão é colocada à mesa, e os comensais vão preparando as finas fatias de carne na hora (uma mistura de fondue de carnes com parrilla 🙂 ).
Bentô
Ou obentô. É uma espécie de marmita, onde em um recipiente com divisórias acondiciona-se uma refeição completa composta de uma proteína (peixe ou carne), arroz e algum acompanhamento, como legumes.
Lámen
Também chamado de rámen. Esse já é bastante conhecido por nós aqui no Brasil, mas não vale achar que é a mesma coisa que miojo 😛 . Um rico caldo transparente à base de ossos (geralmente de porco ou frango), com macarrão de trigo, fatias finas de porco, shoyu, alga, cebolinha verde, entre outras variações de ingredientes.
Outro filme curioso que tem o lámen como tema principal é o Tampopo. É uma comédia com humor bem diferente do nosso, mas é muito interessante ver todo o processo para se preparar um bom lámen, entre outras belas cenas relacionadas a alimentos.
Yakitori
É um tipo de frango no espeto, tanto da sua carne como de suas vísceras, mas o termo também é usado para outros alimentos preparados em espetinhos, como tofu, cogumelos, legumes etc.
Oden
Um prato próprio para dias frios, são legumes, tofu e ovos cozidos preparados lentamente em um caldo à base de peixe e molho de soja.
Bom, isso aí é só um resumão do que é mostrado na série. Diversos costumes e hábitos da sua cultura estão nas entrelinhas de cada um dos apenas 12 episódios. E dá também para curtir bastante os detalhes da vida japonesa: a casa onde ele mora com sua esposa, as ruas, o trânsito, a arquitetura e etc. Vale a pena assistir, tanto para quem está programando uma viagem ao Japão, ou para quem já foi para lá e quer matar um pouco da saudade, ou para quem tem apenas curiosidade de conhecer um pouco mais sobre esse povo sensacional!
Lê também:
Roteiro de viagem: três semanas pelo Japão
Hospedagem tradicional japonesa: ryokan
Banhos japoneses: onsen, sentō e outros
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9 de julho de 2020 at 07:45
Babei ao voltar agora ao Japão, através dessas comidas fantásticas. Realmente, a gastronomia é uma das maiores riquezas quando viajamos. E o Japão tem uma fantástica tradição à mesa…
9 de julho de 2020 at 19:37
E a relação deles com a comida, é uma coisa sensacional.
Obrigada pelo comentário, Rui.
9 de julho de 2020 at 21:51
Já estou super curiosa para assistir a série e ver os detalhes da vida japonesa. Eu estou planejando uma viagem ao Japão, com a minha família e amei a sua dica!
Vi alguns documentários mostrando que muitos restaurantes são pequenos ao ponto dos clientes comerem no próprio balcão. E que eles não fazem questão de ampliar o local, porque a graça é atender bem poucos clientes.
Não vejo a hora dessa pandemia acabar para colocar em prática as minhas leituras sobre o Japão.
10 de julho de 2020 at 17:49
Isso mesmo Danielle, esses restaurantes e bares pequenos são os izakaya que mencionei no texto. E é bem assim, são mais/menos seis clientes sentados em banquinhos junto ao balcão. Eles dão muita importância em atender bem e servir uma ótima comida, e não ampliam um estabelecimento quando sabem que vão perder qualidade nesses dois quesitos.
10 de julho de 2020 at 09:10
Ameiiii esse post sobre o Japão e suas comidas e hábitos. Sonho em conhecer o país e experimentar a cultura desse povo tão lindo. Adorei a dica da Série “Samurai Gourmet” e certamente vou assistir antes de ir. Sabe me dizer onde encontro a série? Obrigada por compartilhar
10 de julho de 2020 at 17:45
Oi, Luciana. A série Samurai Gourmet está na Netflix.
10 de julho de 2020 at 09:35
Você acredita que agorinha mesmo era para estarmos no Japão? 🙁 deixamos essa viagem para o ano que vem e já anotei aqui a série “Samurai Gourmet” para assistir e também a “Tampopo”! Amei as sugestões e explicações.
10 de julho de 2020 at 17:44
Que bom que gostaste do texto, e que pena que tiveste que adiar essa ida ao Japão, Victoria. Mas não há de ser nada!
12 de julho de 2020 at 18:03
Confesso que não sou muito fã da comida japonesa mas quando estive no Japão provei de tudo e acho que a gastronomia faz parte da viagem. É tão bom quando assim é. Maravilha.
13 de julho de 2020 at 19:39
Provar a gastronomia local enriquece muito a viagem. 🙂
9 de junho de 2021 at 12:35
Tenho um filho morando no Japão há quase cinco anos, fazendo mestrado e doutorado a convite e financiado pelo governo japonês – sim, lá eles valorizam e financiam a ciência, inclusive de estrangeiros. Fomos visitá-lo há dois anos por uns 12 dias e eles nos levou a conhecer toda essa culinária excelente – o que menos tem é sashimi e sushi, as moradias, os restaurantes, realmente é exatamente igual à série, pelo menos em Osaka e Kyoto, mas o mais interessante que ele nos acrescentou e que pouquíssimas pessoas sabem, é que a escrita ocidentalizada da língua japonesa foi desenvolvida por portugueses séculos atrás, quando houve uma tentativa de colonização por portugueses que acabaram sendo expulsos, por isso é que quando se lê placas nas ruas, estações, nomes de cidades e pessoas, etc. escritas lá com o alfabeto ocidental, com a pronúncia da língua portuguesa, o som resultante é exatamente a palavra pronunciada em japonês, ou seja, se um inglês ler essas placas em inglês por exemplo, o resultado não será a pronúncia da palavra em japonês.
9 de junho de 2021 at 12:40
Outra curiosidade, aquelas espécies de bandeirinhas de pano que tem na frente das portas dos restaurantes, na verdade são toalhas para as pessoas limparem as mãos depois de comerem e estiverem saindo do restaurante, é um sinal de satisfação e boa comida.
11 de junho de 2021 at 13:50
Que interessantes essas curiosidades, Izidro!
Muito agradecida pela tua contribuição ao post!