Krabi é uma ótima cidade base para conhecer algumas maravilhosas praias e ilhas na costa sudoeste da Tailândia, no mar de Andaman. Há voos diretos a partir de algumas cidades da Tailândia, facilitando o acesso dos turistas. Nós optamos por ficar na praia mais fácil de chegar a partir do aeroporto de Krabi: Ao Nang.
Desde que decidimos incluir essa região no nosso roteiro de viagem pelo Sudeste Asiático, sabíamos que um lugar que não abriríamos mão de conhecer era Hong Island: uma ilha que fica a 30-60 minutos de barco partindo de Ao Nang (dependendo do tipo de embarcação).
Para chegar lá, existem duas maneiras:
- de barco privativo: há um quiosque da associação de barqueiros, que fica na beira-mar ao final da avenida principal de Ao Nang (e em Railay Beach também), onde é possível contratar um barco privado na hora ou combinar um horário de partida para o dia seguinte. Dá para negociar o tempo de duração do passeio e quais ilhas e praias serão visitadas. Gasta-se mais do que indo em um passeio com agência, mas se ganha muito em flexibilidade. Os preços são por barco e eles levam até seis pessoas.
- passeio em grupo operado por uma das diversas operadoras de turismo que existem na cidade. Em uma caminhada pela avenida principal de Ao Nang passamos por diversas delas. Mais barato do que o barco privativo, mas daquele jeito engessado típico dos tours em grupo. Eles oferecem uma boa variedade de passeios, não só para Hong Island, e alguns são bem populares entre os turistas, como o “Four Islands”, ou o “Seven Islands”, entre outros.
Na noite anterior ao passeio, saímos para jantar e passamos por diversas dessas operadoras. Os passeios eram muito semelhantes em roteiro e em preço (não encontramos alguma que fosse exclusivamente para Hong Island, todos tinham alguns penduricalhos), então decidimos contratar o serviço pelo hostel onde estávamos hospedados. Voltando para o hostel, a recepcionista ligou para a empresa, fez nossa reserva e avisou que eles nos buscariam às 9h30min. Achamos muito estranho, pois as outras agências iniciavam seus passeios às 8h, no máximo 8h30min. Deu preguiça de voltar lá na avenida e procurar outra empresa, já era um pouco tarde e algumas empresas já estariam fechando, então deixamos por isso mesmo.
Na manhã seguinte, uma caminhonete nos buscou e nos levou ao píer de Ao Nammao. Do grupo que estava reunido ali, éramos os únicos para o tour “Hong Island”, e todas as demais pessoas fariam um passeio chamado “9 islands”. Pensamos “credo, essa gente vai passar o dia pulando de uma ilha pra outra sem aproveitar nada”, mas na prática a primeira parte do passeio era igual e fomos todos no mesmo barco.
Antes, recolheram de cada um a taxa de preservação de Hong Island. A seguir, providenciaram empréstimos de snorkels e cada um teve que assinar seu nome em uma listinha. Aí os bonitos foram carregar o barco com água mineral e mais uns outros materiais. Finalmente saímos do píer quase 11 da manhã, só pensando “eu poderia estar aproveitando a praia esse tempo todo…”. 🙄
Ainda paramos no píer de Railay East para pegar mais um casal que estava hospedado ali. O rapaz que era o guia/ajudante de barqueiro/faz-tudo desceu, se sumiu, e uns 10 minutos depois voltou cheio de sacolas com marmitas descartáveis, que eram os nosso almoços (inclusos no passeio).
Depois de bastante espera e impaciência, navegamos por uns 30-40 minutos até a primeira parada do passeio: Hong Lagoon. A ilha tem paredões de pedra altos e cheios de vegetação, e forma, no seu interior, uma lagoa. É ridiculamente lindo. A entrada para a lagoa se dá por uma abertura de alguns metros no paredão. Geralmente os barcos entram na lagoa, mas como chegamos lá um pouco tarde a maré já estava baixando e tivemos que descer do barco e caminhar até lá por dentro da água. Usamos chinelos porque tem muitos corais no fundo (papetes seriam mais apropriadas), no trecho para entrar a água dava mais ou menos na altura da cintura, mas lá dentro da lagoa a água mal chegava até os joelhos.
Aproveitamos cada minuto do nosso tempo naquele lugar, naquela água verdinha e morna, rodeados pelos paredões que pareciam nos isolar do resto do mundo.
O barco deu um sinal sonoro para que retornássemos. Mal a galera foi subindo, já fomos recebendo nossas marmitas de almoço e o pessoal já começou a mandar ver ali mesmo, pois àquela hora a fome já estava batendo.
Nos dirigimos para Lading Island, uma ilha com uma enseada minúscula. Lugar lindo também, a praia isolada pelos paredões, com várias árvores e uma faixa de areia pequena. Mas diferente da Hong Lagoon que tem a água um pouco turva, esta é bem transparente e ótima para fazer snorkel. Caímos direto na água e ficamos lá até ver que o guia estava chamando para voltar ao barco. Foi bem legal, vimos uma boa variedade de peixes.
Todos a bordo e … nada do barco pegar 😯 ! Mexeram no motor do barco, entraram embaixo da água para fuçar, o piloto do barco voltou todo sujo de graxa e nada. Não deixaram ninguém descer porque quando o barco funcionasse seria uma função embarcar todos novamente. E assim se foram 55 minutos de espera, até a porcaria funcionar e irmos para Hong Island.
Ah, um detalhe que só fui me dar conta após o passeio, olhando o mapa: Hong Lagoon fica no interior de Hong Island. Sim: Hong Lagoon, Hong Island, não é mera coincidência 😆 . Mas aqueles deslocamentos desnecessários entre um lugar e outro me confundiram, e o mais importante, nos fizeram perder tempo.
A boa dica é que da praia de Hong Island dá para alugar caiaques, remar até Hong Lagoon e aproveitar bem de boa o lugar.
Chegamos lá quase 4 da tarde. E o sol já estava se escondendo atrás dos altos paredões de pedra da praia. Escolhemos fazer o passeio de Hong Island para não ficar pulando de uma ilha para outra e porque é um lugar super elogiado pela beleza e por ser ótimo para mergulhar de snorkel, porém chegamos lá tarde demais para aproveitar do jeito que pretendíamos. Não batia mais luz do sol na água e por isso nem valia a pena entrar para mergulhar. 😕
A proposta do passeio era ficar duas horas ali, mas com todos os contratempos, tivemos 45 minutos. Pois é, sair às 8h ou 8h30min teria feito bastante diferença… Pensamos “ok, estamos em uma praia paradisíaca na Tailândia, vamos aproveitar sem ficar reclamando”, mas confesso que foi frustrante.
Hong Island tem duas enseadas, uma maior, que tem um pequeno píer onde desembarcamos, e outra menor mais no canto esquerdo – fomos para lá porque tinha menos gente.
Ficamos lá no canto da praia curtindo o sossego, deitados dentro da água bem no rasinho, em um mar transparente, morno e praticamente sem ondas, ouvindo o barulho dos pássaros cantando. Daqueles momentos em que parece que o tempo para.
Até que comentamos “bom, está na hora, vamos para o barco”. Conforme fomos nos aproximando do píer, vimos um barco saindo e nos perguntamos “aquele é o nosso barco?”.
Sim, era o nosso barco.
Começamos a pular e gritar e agitar os braços, aí eles nos viram e fizeram a volta para nos buscar. Quase tivemos que passar a noite na ilha! Detalhe: é uma área de preservação não habitada e no máximo ficaríamos na casinha do guarda.
Entramos no barco indignados. Reconheço que bancamos os malas da vez (aqueles que atrasam o resto do grupo 😛 ) e perdemos a noção do horário, mas o barco não deu sinal sonoro (como deu na lagoa) e nem o guia se prestou a ir nos chamar (a praia é pequena, não custava nada).
Mas os perrengues ainda não tinham terminado. Enquanto estávamos na praia de Hong Island, eles chamaram por rádio um outro barco, com medo de que aquele estragasse novamente. Aí, no meio do marzão, encostou esse outro barco e passaram todas as pessoas de um para o outro. Detalhe: famílias com crianças pequenas passando de um barco para o outro, em pleno mar! Só que esse segundo barco era bem menor e ficamos todos amontoados.
O motor desse barco fazia um barulho ensurdecedor. As pessoas no fundo não conseguiam ficar sem tapar os ouvidos. Os que estavam do meio para a frente estavam completamente molhados, pois o barco levantava muita água! Uns tentavam proteger seus pertences para não molhar máquinas fotográficas, celulares e etc. Outros tentavam se agasalhar um pouco com toalhas e cangas, pois além da estarmos encharcados, o vento era forte e estávamos sentindo frio. Os que estavam com crianças pequenas agarravam as pobres criaturinhas quase esmagando as coitadas. Todos com olhos arregalados e ar de apreensão.
Fomos ao ponto que seria a última parada do nosso passeio: Daeng Island. É uma ilha onde não dá para desembarcar, mas junto a ela costuma ser um bom local para a prática de snorkel. O guia disse; “pois é, pessoal, aqui era pra gente fazer snorkel, mas nesse horário o mar já está muito agitado e não vai dar”. Nada surpresos por não dar certo mais uma coisa, sentimos alívio por finalmente ir embora.
Depois de um tempo, não sei se consertaram o primeiro barco ou o quê, mas ele nos alcançou (até porque estava vazio e mais leve, navegava mais rápido). Passamos somente eu e o Rodrigo para o barco grande, pois todo o restante do grupo ainda ia conhecer outras 8459 ilhas, e só nós retornaríamos para Ao Nang. Enquanto passamos de um barco para o outro, todos ficaram nos olhando com cara de cachorros pidões, tipo “me leva junto, também quero ir embora daquiiii”.
Nesta parte, navegamos tranquilos. O sol já estava próximo da linha do horizonte e o visual estava incrível. O barco bem mais silencioso, somente nós dois ali, o piloto e mais um ajudante. Deu para relaxar e curtir o visual, pois o barco foi passando perto de outras ilhas com seus lindos paredões cheios de vegetação, pintados de dourado pela luz do sol se pondo.
O piloto do barco perguntou pro Rodrigo: “já pilotou um barco?”. “Não”. “Então vem aqui, pilota um pouco”. Deu a direção pro Rodrigo, ensinou um pouco dos paranauês e depois se deitou tranquilamente a fumar um cigarro, como se quem estivesse de férias fosse ele! Cena hi-lá-ria! 😀
O barco parou no píer de Railay East, e dali viria um long tail boat para nos levar ao outro píer (Ao Nammao) de onde a caminhonete nos levaria até o hostel. Ainda esperamos uns 10 minutos chegar o bendito long tail. Passamos para ele, sentamos literalmente no chão do barco porque a porcaria nem bancos tinha, e aí adivinha. Na hora de dar a partida no barquinho, tinha acabado o combustível. O rapaz que ia nos levar estava fumando um cigarro de palha e tranquilamente entrou no barco maior, voltou com um galão de combustível e, com seu cigarrinho pendurado no canto da boca, abasteceu o motor do long tail. 😮
A essa altura tudo estava parecendo uma grande brincadeira de mau gosto. Nos entreolhamos, sem acreditar no que estava acontecendo, e comentamos “bom, agora como gran finale, vamos explodir em pedaços pelos ares”. Tentávamos pelo menos rir daquela situação.
Mas deu tudo certo. Pensamos que a caminhonete até o hostel ainda ia, sei lá, furar um pneu, ou capotar, mas chegamos são e salvos. Ainda bem que na nossa hospedagem tinha piscina, pegamos umas cervejas e ficamos lá relaxando.
Relembrando de tudo isso damos boas risadas, mas na hora, alguns momentos foram bastante tensos. Apesar dos contratempos, temos ótimas lembranças dos lugares que visitamos e daqueles momentos em que a natureza ao nosso redor nos absorveu: dentro da Hong Lagoon, mergulhando em Lading Island, na praia de Hong Island e, depois, navegando ao por do sol.
Ficou a vontade de voltar (e ótima desculpa) para visitar Hong Island com um barco privativo, e recomendo fortemente, muito mesmo, que todas as pessoas que vão para lá façam o mesmo.
Este passeio aconteceu em 22 de janeiro de 2016.
O blog fica muito melhor e mais completo com tua participação.
Tens alguma sugestão para dar, alguma informação a acrescentar, alguma dúvida?
Já fizeste algum passeio assim cheio de perrengues? Conta aí nos comentários 😉
19 de novembro de 2018 at 19:52
Nossa quantos contratempos rsrss
19 de novembro de 2018 at 21:20
Faz parte! Hehehe. 😀