O tour pelo Salar de Atacama, Piedras Rojas e Lagunas Altiplânicas visita ainda os povoados de Socaire e Toconao, é um passeio que dura o dia inteiro e proporciona muitos cenários indescritíveis ao longo do dia.
Começamos o dia bem cedinho com a van da agência buscando as pessoas nas hospedagens e partimos em direção ao Salar de Atacama. Chegamos no portão de entrada da Laguna Chaxa (Reserva Nacional de los Flamencos, região também conhecida como Salar de Atacama) cerca de meia hora antes da sua abertura. Tomamos um belo café da manhã ali mesmo, vendo o dia terminar de clarear e, quando o portão foi aberto, fomos os primeiros a entrar.
Chegamos às margens da Laguna Chaxa, somente o nosso grupo. Todos cuidando para não fazer barulho, a guia dando explicações em tom de voz bem baixinho, tudo para não afugentar os flamingos. E deu certo, conseguimos ver bem de pertinho vários deles. Dali a pouco, mais grupos foram chegando e a maior movimentação de pessoas espantou os bichos um pouco mais para longe, mas continuava sendo uma visão incrível aquela lagoa toda pontilhada de flamingos e com as montanhas e vulcões de fundo.
Demos uma caminhada na parte das formações de sal, o caminho permitido é todo demarcado e é só seguir pela trilha para chegar de volta ao prédio da entrada do parque. Diferentemente da região do Valle de la Luna, onde o sal é resquício do mar que ali existiu, aqui o sal é formado pela combinação dos elementos químicos expelidos pelos vulcões.
Lá, além de banheiros para uso dos visitantes, há alguns painéis explicativos bem interessantes sobre a área do Salar de Atacama, sobre seu ecossistema e sobre os diferentes animais que vivem lá. Bem legal.
Seguimos viagem pela estrada que vai em direção à Argentina, a Ruta 23. Em um trecho em obras, paramos rapidamente para ver de longe Piedras Rojas. Mal deu tempo de apreciar um pouco e tirar umas fotos, em seguida encostou um carro da empresa responsável e deu um pequeno xingão no motorista e na guia, pois não era permitido parar ali e além disso havia carros na outra ponta das obras esperando a gente passar para que liberassem o trânsito no sentido contrário. Após o pedido de desculpas, continuamos.
Não sei se é normal este passeio levar até este lugar ou se foi uma compensação por não poder entrar em Piedras Rojas, mas fomos conhecer a Laguna Tuyajto. Água de um tom verde impressionante!
Ventava muito forte, baixando muito a sensação térmica. Nestes passeios no Atacama temos que estar sempre preparados para estar em algum momento de camiseta e, poucos momentos depois, de casaco e manta.
Voltamos e paramos em um mirante natural de Piedras Rojas. Havia algumas pessoas da comunidade local fechando o lugar (assim como eles estavam fechando todos os acessos da área, falo mais a respeito abaixo), a guia desceu na frente, falou um pouquinho com eles e depois seguimos a pé. Não sabemos o que ela falou com eles, mas ficou a impressão de que ela foi pedir permissão para acessarmos pelo menos o mirante.
Que lugar lindo! Água em tons de verde contrastando com o avermelhado das pedras; flamingos, vicunhas… incrível!
Partimos para o próximo destino: as Lagunas Altiplânicas. São duas lagoas: a Miscanti, que é a maior, e a Miñiques, menor. Ambas estão a 4200 metros de altitude, então é sempre bom lembrar de evitar movimentos bruscos. Nada de correria. Para ajudar, estávamos desde de manhã cedo mascando folhas de coca, então não tivemos nenhuma sensação de mal-estar em função da altitude.
Mais uma vez nos deparamos com um cenário surpreendente: águas de um azul profundo, montanhas (uma delas até com resquícios de neve no topo) e a vegetação amarelada.
Tivemos um tempo para caminhar até as proximidades da lagoa Miscanti. O caminho é demarcado e a guia reforçou o pedido para que ninguém desse um passo para fora do permitido. Felizmente todos do nosso grupo respeitaram isso, mas vimos pessoas dos outros grupos andando fora da parte permitida 😡 . A vegetação é sensível e a beira da lagoa, em especial, é muito delicada pois é onde estão os ninhos das taguas (aves). Aproximar-se dos ninhos espanta as aves e, a pior parte, elas não retornam mais para seu ninho depois de se afastar. Isso quer dizer uma ninhada perdida. Para uma espécie que já está ameaçada, significa muito.
Quando retornamos da caminhada, o almoço estava pronto. Burritos e um buffet de recheios. Olha, almoçar com aquele cenário provavelmente teve um impacto positivo na nossa percepção da refeição, mas estava tudo muito bem temperado e bem gostoso! Teve até bombons de sobremesa. 😛
Nossa guia, Sheryl, era maravilhosa. Muito conhecimento e muita disposição em passar as informações, atenciosa com todos, cuidadosa com o bem estar e a segurança dos visitantes e preocupada com a preservação do meio ambiente. De bônus, preparou duas refeições bem gostosas.
Depois de satisfeitos, fomos até a Laguna Miñiques. Apesar de menor, ela tinha bem mais vida que a Miscanti. Muitas taguas, diversos patos e até alguns flamingos.
Iniciamos nosso caminho de retorno a San Pedro do Atacama. Em uma reta da estrada, paramos para fazer fotos com os vulcões ao fundo. Impressionante como a nossa guia e o nosso motorista sempre estavam à frente das outras agências. O passeio todo, sempre chegamos primeiro nos lugares e conseguimos aproveitar antes que enchesse de gente. Na estrada foi a mesma coisa, tiramos várias fotos para só depois começarem a parar os veículos das outras agências.
Paramos no povoado de Socaire e conhecemos a parte externa da igreja de construção bem rústica. Mas o que achamos mais interessante aqui é que há resquícios de terraços agrícolas de populações pré-incas. Ou seja, ficamos maravilhados quando vimos as construções incas e seus maravilhosos terraços que aproveitavam a água e as variações climáticas para plantar diferentes alimentos, mas antes deles já existiam povos que usavam esta técnica!
A última parada do passeio foi no povoado de Toconao. Tivemos um tempinho para quem quisesse fazer compras nos artesanatos da cidade e provar sorvetes de sabores de ingredientes locais. Demos uma caminhada pela praça e retornamos para San Pedro do Atacama, terminando mais um dia inesquecível de passeios no Atacama.
Sobre o fechamento de Piedras Rojas: esse era o lugar que eu mais tinha expectativas em conhecer no Atacama. Via as fotos e ficava babando, imaginando como seria estar lá vendo com meus próprios olhos. Entretanto, uns dias antes da nossa viagem li uma notícia sobre o fechamento dessa região. Lendo e ouvindo algumas versões sobre o fato, deu para entender que a comunidade local já estava querendo explorar a região através da cobrança de ingresso – como já acontece em outros lugares, como o Salar do Atacama ou a Laguna Cejar, por exemplo. Além de querer ganhar dinheiro, eles querem inibir um pouco o livre trânsito de turistas que passam por lá depredando as formações naturais, rabiscando seus nomes nas rochas e deixando lixo 😡 . E a gota d’água foi quando um indivíduo (gravando programa para um canal de esportes) foi praticar kitesurf naquelas lagoas.
Toda a região já possui um ecossistema de equilíbrio super delicado, e uma “invasão” desse tipo pode comprometer a reprodução de espécies que já estão ameaçadas. O resultado foi que a comunidade fechou o acesso à região, que só será reaberto após a construção de uma estrutura (centro de visitantes, bilheteria, banheiros etc).
Quantos lugares ainda terão que ser fechados ou ter seu acesso restringido porque os visitantes simplesmente não podem se manter dentro das áreas permitidas para circulação, não podem recolher o lixo que eles mesmos produziram ou não podem ficar sem depredar, pichar, destruir? 🙁
No fim das contas, o tour foi maravilhoso mesmo sem ter explorado a região de Piedras Rojas. Mas fica a vontade de voltar para conhecer melhor essa parte.
Resumo das informações práticas:
- Agência: Atacama Connection
- Valor: 33.500 pesos chilenos por pessoa
- Ingressos: 2.500 pesos chilenos por pessoa na Laguna Chaxa; 3.000 pesos chilenos por pessoa nas Lagunas Altiplânicas
- Importante levar: roupas tanto para calor quanto para frio, protetor solar, óculos escuros, água.
Este passeio aconteceu em 22 de janeiro de 2018.
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