Fizemos um bate-volta a Viña del Mar e Valparaíso, saindo de Santiago, por conta própria, utilizando transporte público. Neste post vou contar como foi e quais atrações visitamos em cada cidade.
Depois de ler relatos de pessoas que foram com agência de turismo e comparar com os daquelas que foram por conta própria, ficamos com a segunda opção – pela flexibilidade nos horários e pela liberdade de fazer o que tivéssemos vontade.
Ir e voltar por conta própria e com transporte público é fácil. Do terminal de ônibus Alameda (estação de metrô Universidad de Santiago, linha vermelha), saem diversos ônibus das empresas Pullman e Turbus. Chegamos lá, verificamos qual era o próximo saindo e compramos na hora as passagens para Viña del Mar para 15 minutos depois (tinha outro saindo em cinco minutos, mas não havia mais dois assentos juntos e aproveitamos o tempinho a mais para tomar um café). Sai um pouco mais barato comprar ida e volta para a mesma cidade, mas não compensa pelo gasto (de dinheiro e de tempo) em pegar um transporte para retornar à cidade da chegada. Voltamos para Santiago a partir de Valparaíso e, da mesma forma, compramos na hora a passagem para o primeiro ônibus que estava saindo (cerca de 10 minutos depois). Na ida usamos a empresa Turbus e na volta, a Pullman – não vimos diferença no serviço ou conforto dos ônibus. Para ter uma ideia dos horários, preços, e até mesmo comprar as passagens com antecedência, consulta os sites oficiais da Turbus e da Pullman.
Viña del Mar
Em cerca de duas horas de viagem, chegamos a Viña del Mar.
Da rodoviária caminhamos por uns 10 minutos até o Museu Fonck (Museu de Arqueologia e História Natural). Não tínhamos a intenção de entrar no museu, mas queríamos ver o moai original, trazido da Ilha de Páscoa, que está em frente a ele.
Dali, seguimos até a orla. A cidade tem ares de balneário elegante: prédios bonitos, ruas com canteiros de flores, bares e restaurantes charmosos e até um cassino.
Apesar de ser fevereiro, a praia não era nada convidativa para um mergulho: o vento que soprava era bem fresquinho. Algumas poucas pessoas estavam na areia com roupas de banho e casacos por cima. 😀
Fomos até o Castelo Wulff. Nele funciona uma espécie de centro de exposições e a entrada é gratuita. Os ambientes internos são bonitos e tem até uma pequena, porém interessante, passarela de vidro sobre o mar e as pedras.
A arquitetura do Castelo é muito bonita, assim como a vista que se tem a partir dele.
Dali, seguimos para o famoso Relógio de Flores de Viña, que é uma graça. O lugar estava bombando de grupos de agências.
Até o dia anterior ainda estávamos pensando em ir somente a Valparaíso, pois Viña del Mar não estava nos atraindo muito. Mas decidimos ir, já que era tão pertinho e se não gostássemos poderíamos ir a qualquer momento para Valparaíso. Apesar de não ser uma cidade inesquecível, foi interessante de conhecer. Creio que em cerca de uma hora e meia percorremos calmamente todo o trajeto entre estes lugares.
Na avenida quase em frente ao Relógio de Flores, vimos diversos micro ônibus passando com placas indicando que estavam indo para Valparaíso. Ficamos um pouco receosos de pegar um desses, pois não sabíamos nada a respeito, e preferimos ir na informação certa que tínhamos: o metrô de superfície que liga as duas cidades, o Metroval.
Pegamos na estação Miramar, a uns 500 metros dali. A má surpresa foi ter que comprar um famigerado cartão magnético (não é possível comprar um tíquete avulso), mas pelo menos ele pode ser usado por mais de uma pessoa. O trajeto é curto e em uns 15 minutos descemos na estação Bellavista.
Valparaíso
Logo na saída da estação Bellavista do Metroval, há uma avenida com muitas opções de restaurantes servindo prato do dia a bons preços. Almoçamos em um em que o garçom era bem simpático e engraçado, tentando falar palavras em português conosco. Quando pedimos a conta, ele trouxe e disse “aquí está la contínea”. 😀
Seguimos para a Plaza Aníbal Pinto, de onde sai o free walking tour com a mesma empresa do que participamos em Santiago, a Free Tour.
Boa parte de Valparaíso está construída sobre encostas íngremes, e por isso existem diversos funiculares, ou como eles chamam, ascensores. Iniciamos nosso tour subindo ao Cerro Alegre com o Ascensor Reina Victoria.
O passeio guiado vai nos levando por diversas ruas, becos e mirantes. Uma coisa que chama muito a atenção e que inclusive o guia falou bastante a respeito, é a quantidade de street art ou arte callejera: nos muros, paredes de casas e de prédios e até em escadarias. As pinturas são coloridas, cheias de vida e sobre as mais variadas temáticas.
Em frente a esta pintura aqui de cima, sentamos na calçada e tivemos uma pequena aula sobre o artista que a pintou e o significado dos seus detalhes. Bem legal! Repara também nos músicos de rua ali ao lado: essa é atmosfera do Cerro Alegre.
Valparaíso já foi uma cidade portuária muito importante – durante o século XIX, foi o porto mais importante da costa do Pacífico na América do Sul e rota de navios que atravessavam o Estreito de Magalhães. Com a abertura do Canal do Panamá o fluxo de navios caiu, e mais recentemente, o Porto de Santo Antonio abocanhou boa parte do movimento de embarcações. A consequência disso é que a economia da cidade se enfraqueceu, enfrentando uma certa decadência. O movimento de street art teve e ainda tem um importante papel em uma espécie de resgate da cidade, e este tour guiado nos mostrou isso de uma maneira que jamais imaginaríamos se a visitássemos por conta própria. Para quem tem um interesse maior sobre o assunto, existem tours específicos sobre esse tema.
Por ser uma cidade portuária, existem muitas construções revestidas com metal aproveitado das embarcações e seus contêineres, no mesmo estilo do bairro La Boca, de Buenos Aires. O conjunto dessas casas, mescladas com as casas de estilo colonial do século XIX e a peculiaridade geográfica do local ajudaram a colocar o Bairro Histórico de Valparaíso na lista de Patrimônios Mundiais da Humanidade da UNESCO.
Cerca de três horas depois (com direito a pausa em uma loja de empanadas deliciosas), o tour guiado chegou na Plaza Sottomayor, onde estão o bonito prédio da Armada de Chile (marinha) e o Monumento aos Heróis de Iquique (homenagem a chilenos que deram suas vidas em combates navais). Encerramos no Muelle Prat.
Dali, andamos até o Ascensor Artillería. Há um caminho para subir a pé, mas já tínhamos esgotado nossa cota de caminhada do dia e usamos o ascensor 😛 . A vista lá de cima é muito bonita, dando uma visão do porto e de toda a enseada com suas encostas. Valeu muito a pena finalizar o passeio lá com esta paisagem.
Para ir embora, pegamos um dos micro ônibus (o guia havia nos indicado quais serviam) para irmos até a rodoviária e de lá retornamos a Santiago.
Vi relatos de pessoas que acharam Valparaíso feia e suja, e de fato ela tem esse lado, principalmente logo ao chegar. Mas ter feito um passeio com guia mostrou vários aspectos muito interessantes e me fizeram ver a cidade com outros olhos, gostei um monte e achei ela muito bonita. Recomendo muito procurar um desses tours. Espero em uma próxima oportunidade passar no mínimo uma pernoite para conhecer a vida noturna da cidade, que dizem ser bem legal.
Valeu muito a pena ter feito esse bate-volta a Viña del Mar e Valparaíso e considero um programa excelente para quem estiver passando uns dias em Santiago.
O passeio relatado neste post aconteceu em 02 de fevereiro de 2018.
Lê também:
- O que fazer em Santiago do Chile: roteiro de 5 dias
- Free Walking Tour, La Chascona e Cerro San Cristóbal
- Museu dos Direitos Humanos, Cerro Santa Lucía e Bairro Lastarria
- Centro Cultural La Moneda e Museu de Arte Precolombino
- Visita à Concha y Toro
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