Dia de dar início ao nosso tour pelo Salar de Uyuni, sobre o qual já dei informações no post Salar de Uyuni: como é o tour. Fizemos o passeio de 4 dias e 3 noites com a empresa Cruz Andina, saindo de San Pedro do Atacama (Chile) e retornando para a mesma cidade.
Vamos ao relato.
Uma van da Cruz Andina nos buscou na nossa hospedagem ao redor das 7 da manhã. Passamos pelo imigração do Chile, que é ainda dentro de San Pedro do Atacama, e levamos um tempinho ali (creio que uns 30 minutos) só para dar a saída do país. Conhecemos nossas companheiras dos próximos quatro dias, a Juliana e a Roberta, duas brasileiras, e a Nar, uma turca. Depois, fomos levados até a fronteira com a Bolívia, em um trajeto de aproximadamente uma hora.
Passamos pela migração boliviana, que foi mais rápida, cerca de 10 minutos. O agente simplesmente abriu os passaportes em uma folha em branco e carimbou, sem nem conferir a foto.
O motorista da van abriu uma mesa ali mesmo e preparou o café da manhã para nós. Nesse meio tempo os carros 4×4 que trazem as pessoas da Bolívia para o Chile vão chegando e as trocas vão sendo feitas – os que estavam nas vans vão para os 4×4 e vice-versa.
Conhecemos nosso guia-motorista, o Gilmar, e ficamos contentes por ver que o seu carro era bem novinho. Carregamos nossas bagagens, embarcamos e passamos rapidamente pela aduana boliviana para preencher mais um papel e pagar a taxa da Reserva Nacional Eduardo Avaroa (guardem o comprovante se forem retornar a San Pedro, ou terão que pagar novamente a mesma taxa). Então, finalmente começamos de verdade a jornada pelo altiplano rumo ao Salar de Uyuni. Viva!
A primeira parada vem literalmente logo a seguir, já com um visual impressionante: a Laguna Blanca. Descemos do carro e tivemos um tempo para caminhar às margens da lagoa, com o maravilhoso reflexo do céu, das nuvens e das montanhas na água.
Na sequência, a Laguna Verde. Além de uma cor linda e peculiar, complementam o cenário os vulcões Licancabur e Juriques ao fundo. Demais!
Conta a lenda que uma princesa, inconformada com o futuro marido arranjado pelos pais, resolveu acabar com sua vida na lagoa. Tanto a princesa quanto as joias e pedras preciosas que ela estava usando se dissolveram, dando a coloração verde à água. Claro que a lenda é muito mais legal, mas a verdade é que a cor da água deve-se à sua composição química, que torna inviável o banho nesta lagoa para qualquer ser humaninho.
Seguimos mais um tempo até o Deserto de Dali, uma região com diversas rochas de formatos variados e que leva esse nome por se parecer com a paisagem de alguns quadros do conhecido pintor espanhol.
O caminho inteiro ficamos em estradas de terra e o visual não parava de impressionar, com montanhas dos mais diversos tons de marrom, vermelho, laranja, verde, cinza… pareciam pinturas.
Chegamos nas Termas de Polques. Há duas piscinas de águas termais, aquecidas pela atividade vulcânica da região. Tomamos um banho muito gostoso na água bem quentinha, curtindo o visual da Laguna Chalviri.
Depois de trocar de roupa, fomos para uma espécie de salão onde alguns guias organizam as refeições para os seus grupos. O Gilmar já estava com nosso almoço pronto: frango, arroz, vegetais cozidos e saladas. Tudo simples mas gostoso, feito com carinho. No fim das contas, o motorista do passeio é também o guia, o cozinheiro, o fotógrafo… 🙂
Próxima parada: Geysers Sol de la Mañana. Trata-se de um campo geotérmico (assim como os Geysers del Tatio, que contei aqui) a 4800 metros de altitude. A atividade dos vapores não estava muito visível àquela hora da tarde, mas o cheiro de enxofre era bem presente. O negócio era usar de maneira favorável o vento, que aliás estava muito forte.
A comparação para quem esteve no Tatio poucos dias antes é inevitável. Enquanto lá vemos alguns pequenos jatos de água, aqui há poços de lama borbulhante. Apesar de menos impactante e grandioso, ainda assim achei muito interessante e bonito.
Partimos rumo à Laguna Colorada. A composição da água desse lugar dá uma coloração vermelha à lagoa, especialmente quando há bastante luz solar. Infelizmente quando chegamos lá o tempo estava bem nublado (além disso, ventava muito e a sensação térmica estava bem baixa). Acabamos conhecendo uma “laguna rosada”, pois não pudemos ver suas águas vermelhas, mas não pensem que foi de alguma maneira decepcionante. Eu fiquei muito deslumbrada com as águas que mesclavam tons de rosa com faixas brancas de sal, tomadas por dúzias de flamingos e com dezenas de alpacas nas suas margens. Espetacular!
Caminhamos perto da lagoa e as alpacas parecem estar acostumadas ao movimento de turistas, nos deixando chegar bem próximo a elas. Muito fofinhas!
Voltamos para o carro e lá estava o Gilmar nos esperando, sempre sorridente e paciente. Percorremos o último trajeto do dia, rumo ao povoado de Mallcu Villamar, local da nossa primeira pernoite. Só para não destoar do restante da jornada, o caminho foi lindo. Pouco antes de chegar, descendo uma enorme costa de montanha, o sol se pondo deu seu ar de graça e iluminou todo o enorme vale à nossa frente e as montanhas bem ao longe, tingindo tudo de dourado. Lindo, lindo, lindo…
Chegamos na hospedaria e descarregamos nossas bagagens do carro. Vários grupos se hospedam no mesmo local e eles vão distribuindo as pessoas nos quartos conforme elas vão chegando; o nosso grupo ficou em dois quartos com 3 camas cada um. Como já falei no post anterior, o lugar é muito, muito, muito simples. Habitações de chão batido, incluindo o banheiro – que, aliás, não tinha nem papel higiênico. O banho era pago à parte, mas algumas pessoas foram ao banho e disseram que a água não estava esquentando. A noite estava muito fria e nesse dia fiquei só no banho de gato com lenço umedecido 😛 .
Tinham nos avisado que poderia não haver eletricidade, mas até então havia e deixamos nossos eletrônicos carregando. Fomos para um ambiente grande usado como refeitório, onde já estavam servindo a janta. Desta vez não foi o Gilmar que preparou nossa comida, mas as pessoas da hospedagem. Uma sopa de legumes, ótima para aquecer o corpo, e depois um espaguete com molho de tomate, bem simples. Ficamos em um bom bate-papo com nossas colegas de passeio, inclusive a turca, que fala muito bem espanhol (ela estuda em Buenos Aires).
Voltamos para o quarto e já não havia mais eletricidade. O jeito foi usar as lanternas para terminarmos de ajeitar as coisas e deitar em seguida, até porque o dia seguinte começava cedinho.
A rusticidade do lugar, a janta simples, a falta de banho, nada disso foi incômodo perto do tanto de coisas lindas que já tínhamos visto. E era só o primeiro dia!
Gastos do dia (bolivianos):
- Ingresso da Reserva Nacional Eduardo Avaroa: 150
- Termas de Polques: 6
- Banho na hospedagem em Mallcu Villamar: 10
Próximo post: Tour Salar de Uyuni – segundo dia.
Nossa viagem pelo Salar de Uyuni aconteceu entre 25 e 28 de janeiro de 2018.
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